Ponta Delgada, outrora tranquila e vibrante, vive, hoje, um momento preocupante de degradação social que não pode continuar a ser ignorado. A disseminação de substâncias psicoativas, sobretudo drogas sintéticas, está a gerar um cenário de crescente instabilidade, insegurança e desespero, visível não apenas nas ruas, mas na inquietação diária dos cidadãos.
O consumo destas substâncias, cada vez mais acessíveis e destrutivas, está a alimentar comportamentos desviantes, a deteriorar a qualidade de vida nas zonas urbanas e a causar um sentimento generalizado de medo. As consequências estão à vista de todos: pequenos furtos, confrontos, atos de vandalismo e uma sensação constante de que o Governo Regional dos Açores e Câmara Municipal de Ponta Delgada perderam o controlo da situação e aparentam estar desfasados da realidade que se vive nos bairros e nas ruas do centro histórico da cidade.
Enquanto isso, as respostas institucionais têm sido, no mínimo, tímidas. A ausência de medidas eficazes por parte das entidades competentes é alarmante.
Quando o Estado falha, é a população que sofre.
O mais recente sinal de alarme vem da própria comunidade: em certas zonas de Ponta Delgada, moradores começaram a organizar-se, informalmente, com o objetivo de dissuadir práticas motivadas por indivíduos com comportamentos desviantes. São cidadãos que, já cansados da apatia institucional, sentem a necessidade de assumir um papel que nunca lhes deveria competir: o de garantir a sua própria segurança.
A cidade de Ponta Delgada não pode continuar neste rumo.
Urge uma intervenção articulada, multidisciplinar e, sobretudo, corajosa. A problemática da toxicodependência não se resolve com operações pontuais ou promessas vagas. Exige-se um plano de ação que envolva a saúde pública, a assistência social, a educação e uma política de segurança firme, mas humanista.
A cidadania tem limites e esses limites estão a ser ultrapassados todos os dias nas ruas da nossa cidade.
Se não for agora, quando?